Rafael Paiva terá que buscar solução para escalar os dois, que atuam na mesma faixa do campo
A contratação de Coutinho levantou uma questão que tem sido muito debatida entre os torcedores do Vasco: ele pode jogar junto com Payet? Como manter a força defensiva do time com os dois juntos? É um “bom” problema que o interino Rafael Paiva terá que solucionar.
O ge consultou três comentaristas da Globo – Conrado Santana, Jéssica Cescon e Pedro Moreno – para entender como Paiva pode fazer isso acontecer. Coutinho e Payet atuam na mesma faixa do campo. Na estrutura atual do time, um dos dois teria que jogar mais aberto pelo lado. Ou então o treinador precisará mudar o esquema.
Na opinião de Pedro Moreno, há três formações possíveis para Payet e Coutinho jogarem juntos:
– A que vejo mais sentido seria um 4-4-2, em losango, com Coutinho sendo o meia na ponta desse losango e Payet como segundo atacante, vindo da esquerda pra dentro, abrindo o corredor para Piton. Com essa formação, o Vasco poderia atuar com três meiocampistas por trás de Coutinho, para ajudar a dar mais solidez defensiva – avaliou o comentarista.
Philippe Coutinho já está regularizado, mas a estreia vai depender das condições físicas do jogador. O próximo jogo do Vasco é na quarta-feira, contra o Atlético-GO, fora de casa. Payet está em recuperação de um edema na coxa esquerda.
Veja as opiniões dos comentaristas:
Conrado Santana
“Coutinho e Payet são ‘camisas 10’ que gostam de jogar flutuando com liberdade atrás do centroavante pelo ataque. Mas claro que podem jogar juntos. Um mais centralizado e outro pelo lado do campo. Podem ainda os dois completarem um trio de ataque com Vegetti, com liberdade de movimentação, mas aí abriria mão de atacantes de velocidade, com os laterais chegando na linha de fundo.
A missão do Rafael Paiva é fazer isso acontecer sem prejudicar o desempenho defensivo da equipe, principalmente assim que perder a posse de bola. É um desafio porque o Vasco já conta com o Vegetti de 35 anos como centroavante, e o momento do Vasco não permite que três jogadores ‘sobrem’ na marcação. O ideal seria ter um time que controle a posse de bola e consiga ficar muito tempo no campo de ataque. Perdeu a bola? Já pressionar no ataque para recuperá-la. A condição física dos dois vai ser fundamental também. E, claro, não precisa ser todo jogo. Os dois vão ser importantes até para o descanso do outro. Administrar os minutos de cada um e dosar de acordo com a dificuldade de cada adversário”.
Jéssica Cescon
“Coutinho e Payet podem jogar juntos, sim. Acho que vai depender das circunstâncias do jogo e das circunstâncias defensivas do Vasco. O Vasco atinge um patamar de equilíbrio e de retomada neste Brasileirão a partir do momento que Rafael Paiva consegue deixar a defesa mais sólida. É através da transpiração que o Vasco equilibra os jogos, através de marcação, de compactação, de um sistema defensivo bem organizado e de uma marcação agressiva. Ou seja, o Vasco passou a competir no campeonato justamente por ter um preparo defensivo baseado na parte física. Eu não acredito que Rafael Paiva vai abrir mão dessa consistência. Justamente por saber as limitações do Vasco é que ele conseguiu preparar o Vasco para abrir uma vantagem do Z-4.
Eu imagino o Coutinho jogando centralizado, embora ele tenha saúde física para atuar pelo lado do campo, mas ele é melhor jogando como uma meia pensante. Um cara que atua entre as linhas, jogando solto, podendo ser o cara o do passe, ter liberdade para criar um novo caminho de ataque. Pelo lado do campo, o Vasco já tem um lado esquerdo forte, mas no meio é preciso um cara pensando as jogadas. Mas como fazer ele e Payet jogarem juntos, já que Payet pelo lado do campo não consegue ter a entrega física de participar da fase defensiva do jogo? Esse é o grande desafio. Se Rafael Paiva entender que tem como jogar desta maneira em alguns jogos, os dois vão agregar um ao jogo do outro.
Agora, com os dois, é possível fazer uma variação de esquema também. Colocando três volantes atrás deles, mudando para um 4-4-2, com o Coutinho jogando centralizado e o Payet mais próximo do Vegetti. Por que não? Também é uma circunstância de jogo que é possível executar. Tudo vai depender das condições físicas do Coutinho e de como o sistema defensivo vai ser montado para dar liberdade para ele. O Payet ou vai disputar posição com ele ou em algumas partidas pode atuar mais próximo do Coutinho, tendo dois meias para armar as jogadas do Vasco”.
Pedro Moreno
“A vontade de todo torcedor é sempre ver o máximo de qualidade técnica do time em campo. Mas é importante alertar para a questão do equilíbrio do time sem bola, embora seja algo que o torcedor sempre torça um pouco o nariz. Equilíbrio esse, inclusive, responsável pela melhora do Vasco sob o comando de Rafael Paiva.
Sim, Payet e Coutinho podem jogar juntos. Mas vai depender muito das características do adversário. Em jogos ou circunstâncias que o Vasco terá muito mais posse de bola, portanto menos exigência física na marcação, e precisará ser mais criativo diante de times mais fechados, faz todo sentido ter dois jogadores com qualidade técnica muito acima da média.
Entretanto, contra adversários que possuam como modelo de jogo ter mais posse e exijam do Vasco uma intensidade maior na marcação, é mais difícil imaginar que Payet e Coutinho juntos consigam manter o equilíbrio e poder de marcação necessários para que o Vasco não fique exposto.
Pensando nas formações possíveis, a que vejo mais sentido seria um 4-4-2, em losango, com Coutinho sendo o meia na ponta desse losango e Payet como segundo atacante, vindo da esquerda para dentro, abrindo o corredor para Piton. Com essa formação, o Vasco poderia atuar com três meio-campistas por trás de Coutinho, para ajudar a dar mais solidez defensiva.
Outra possibilidade seria um 4-3-3, com Payet como meia por dentro e Coutinho aberto pela esquerda, como atuou no Aston Villa, antes da passagem pelo Al-Duhail. A questão dessa formação é que Coutinho precisaria recompor mais, fechando pelo lado esquerdo e sendo mais exigido fisicamente.
Uma outra maneira de encaixar os dois, mas que não julgo a mais apropriada, seria uma formação com três zagueiros, em um 3-4-2-1, tendo Coutinho e Payet por trás de Vegetti. A questão desse esquema é que incorreria em uma maior exigência física sem bola tanto de Coutinho, quanto de Payet. Além disso, a formação com três zagueiros já foi testada nessa temporada com Ramón Díaz e não funcionou, justamente pela dificuldade do Vasco de preencher o meio-campo”.